
Na semana passada o Qatar sediou a Copa Intercontinental de futsal com a participação dos clubes: Benfica, Al Rayyan, Inter Movstar , Barcelona, Sorocaba e Carlos Barbosa. Pela oitava vez o título da Copa Intercontinental ficou com uma equipe brasileira. O Sorocaba que tinha o craque Falcão levou a melhor.
Para saber mais detalhes sobre esse torneio o site Qatar news conversou com o brasileiro Sergio Loch, jogador de futsal do Al Rayyan. Ele mora no Qatar há 5 anos e está totalmente adaptado ao país.
QN: Serginho: nos conte como foi a Copa Intercontinental no Qatar, principalmente em relação a estrutura do evento e as equipes:
SL: Em relação a estrutura da competição posso dizer que está entre as melhores que já participei. Os ginásios eram excelentes para a competição, vestiários ótimos desde compartimentos até relaxamento pós jogos. Uma arena estruturada e bem localizada. Poderíamos dar uma nota 10!!!
Sobre as equipes: todas de altíssimo nível, com jogadores multi-campeões e acredito que todas equipes participantes poderiam ter levantado a taça de campeão. Em relação ao Falcão , quando perdemos a semi- final, eu estava na torcida por sua equipe por ter muitos amigos ali e por ter trabalhado também com ele e o Ferreti na antiga Malwee, de Jaraguá do Sul –SC.
Em 10 anos essa equipe ganhou muitos títulos, mas faltava esse para eles dois , e acredito que merecia por tudo que fez e faz pelo nosso esporte. Então faltava essa coroação ao Falcão. É um jogador diferenciado ,todos sabem de suas qualidades. Além disso é uma excelente pessoa e sempre quando pode está disposto a ajudar quem precisa.
QN: a final da Copa Intercontinental foi entre dois times brasileiros: o Sorocaba e Carlos Barbosa. O futsal brasileiro ainda está um passo a frente dos outros adversários?
SL: Brasileiro sempre terá e tem o algo “a mais “, o diferencial. Se pararmos para analisar nessa Copa Intercontinental quase todas as equipes tinham brasileiros no elenco. Somente o Irã não contava com brasileiros..
Acredito que estamos a frente sim, principalmente em relação aos jogadores e equipes. Poderemos perder um pouco em organizações de competições e infraestrutura para outros países, mas não em qualidade. Não foi por acaso que duas equipes brasileiras fizeram esta final (por sinal, muito emocionante) .
QN: Como é o esporte no Qatar? Tem muitos adeptos?
SL: Por aqui as coisas são diferentes. Não temos muitos adeptos do esporte , infelizmente estamos a passos curtos no país. Há toda base estrutural, porém não existe muita divulgação do esporte , expectadores , e o nível de competição da qual merecíamos. O futsal aqui ainda anda a passos lentos, mas acredito que o mundial de clubes possa fazer com que esses passos fiquem mais largos e rápidos. A liga por aqui consiste em 13 equipes e a briga sempre está entre as mesmas duas equipes (Al Rayyan e Al Saad ). Essas são as que mais investem, além do valor recebido pela federação, assim conseguem contratar os melhores jogadores .
QN: nos conte um pouco sobre sua trajetória e como é morar no Qatar
SL: Jogar por esses lados não é uma missão fácil não! rsrsrsrsrsr…
Atualmente é permitido um estrangeiro por equipe , então fica muito puxado. Tem que jogar o tempo todo e os jogadores locais, por terem trabalhos fora do esporte não comparecem a todos os treinamentos. Não se consegue fazer um trabalho planejado durante a semana, e isso traz consequências no final.
Sobre morar por aqui: eu e minha família adoramos. É um país de oportunidades , qualidade de vida ótima, segurança excelente. Não podemos reclamar , tirando o calor em certas épocas do ano , apesar de estarmos sempre em locais adaptados para tal . O clube dá todo suporte necessário para termos uma vida de qualidade!
QN: por que vc decidiu morar no Qatar e como é a vida para você e a família?
Posso falar que o país nos abraçou. No princípio o lado financeiro pesa mas hoje em dia gostamos do país , nos adaptamos a ele e muitos fatores nos fazem ficar por aqui. Segurança posso dizer que seja o principal, claro que envolve educação de meus filhos, qualidade de vida, entre outras coisas. Minha esposa também trabalha e as amizades que conquistamos são muito importantes. Nossa vida é bem corrida: escola, trabalho, treinamentos, jogos ( às vezes precisamos de umas horas a mais no dia rsrsrs). Resumidamente é isso, o país nos abraçou e isso foi recíproco !!!
QN: Qual a dica que você dá para o turista que visita pela primeira vez o Qatar?
Primeiro sugiro experimentar a comida típica. É uma delicia . Tem muitos lugares para se conhecer. Visitando o Qatar o melhor seria fazer um tour. Em apenas 8 horas você consegue conhecer ele todo, com planejamento, claro.
Mas o turista não pode deixar de visitar The Pearl, local lindo , construído sobre a água. Tem também o Corniche, que seria nossa beira mar. No local temos vários prédios diferentes e iluminados . O Souq Waqif seria uma espécie de mercado municipal , e lá você conhece realmente como é a cultura árabe , desde suas construções até seus costumes. E é claro que a voltinha de camelo não pode ficar de fora, juntamente com a de quadriciclos pelo deserto , e logo após um jantar nos modos árabes , com a mão sem talheres, um delicioso Raruf ( arroz temperado com Carneiro ). Esse prato é ótimo. E por fim um passeio nos variados shoppings que temos por aqui. Outra dica seria visitar os mesmos locais tanto de dia quanto de noite, pois são belezas diferentes a serem exploradas !!!
Um pouco mais sobre a carreira do nosso entrevistado: Serginho começou em Blumenau -SC aos 7 anos , aos 16 anos foi para Jaraguá do Sul -SC onde ficou 3 anos. Depois se transferiu para Espanha (indicado por Ferreti ) onde ficou 2 temporadas retornando ao Brasil. Com passagens também por Itajaí e Brusque, os dois em Santa Catarina e voltando a Jaraguá do sul com passagem pelo Rio Grande do Sul. Logo em seguida o Qatar onde jogou a temporada de 2008-09 e voltou ao Brasil em 2010. Em 2011 um retorno para o Qatar, onde segue até hoje.